terça-feira, 22 de junho de 2010

espera


espera,
deixa a noite ficar mais um pouco,
deixa o escuro cintilar,
mais um dia e outro,
nele somos gigantes,
somos vieiras de negro
e eternos amantes....



Nimbus

1 comentário:

Anónimo disse...

"Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo
Amo-te como se amam certas coisas obscuras
Secretamente, entre a sombra e a alma

Amo-te como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores
E graças ao teu amor vive escuro no meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde
Amo-te assim, directamente, sem problemas nem orgulho
Amo-te porque não sei amar de outra maneira
Senão assim, deste modo que não sou nem és

Tão perto que a tua mão sobre o meu peito é a minha
Tão perto que se fecham teus olhos com o meu sonho

Antes de amar-te, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas
Nada contava nem tinha nome
O mundo era do ar que esperava

E conheci salões cinzentos
Túneis habitados pela lua
Hangares cruéis que se dependiam
Perguntas que insistiam na areia

Tudo estava vazio, morto e mudo
Caído, abandonado, decaído
Tudo era inalianavelmente alheio
Tudo era dos outros e de ninguém
Até que a tua beleza e a tua pobreza
De dádivas encheram o outono

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde
Amo-te assim, directamente, sem problemas nem orgulho
Amo-te porque não sei amar de outra maneira
Senão assim, deste modo que não sou nem és

Tão perto que a tua mão sobre o meu peito é a minha
Tão perto que se fecham teus olhos com o meu sonho"


(Dança-Pablo Neruda)