sexta-feira, 18 de junho de 2010

[AR]RISCO



Arrisco, sem risco,
sem tomar fôlego ou balanço,
sem olhar a louros ou jarras douradas
dos jardins renascentistas de XVII

arrisco, mesmo sabendo que a carne
apodrece dentro da maturidade.
Arrisco em saber que talvez hoje
seja tarde para olhar o crucifixo
como quem o olha de fora [para dentro].

Arrisco em nada dizer, mesmo que as palavras
se soltem como feras [amestradas]
de uma savana [enjaulada no circo].
Será esta a nossa flâmula dourada
                                      [secreta
duma mera pequenez de existir?



Miguel Pires Cabral

http://barbituricodaalma.blogspot.com/

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom! Desconhecia o autor...

Rita Soares