segunda-feira, 12 de abril de 2010

Fabula Antiga

No principio do mundo o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lynce em olhos de Morcego.

Mas um dia, brincando, a Demencia, irritada,
Num impeto de furia os seus olhos vazou;
Foi a Demencia logo ás feras condenada,

Mas Jupiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demencia ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,

Como um pobre que leva um cego pela estrada.
Unidos desde então por invisiveis laços,
Quando o Amor empreende a mais simples jornada
Vai a Demencia adiante a conduzir-lhe os passos.


António Feijó

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