quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Procuro-te no meio dos papéis escritos





procuro-te no meio dos papéis escritos

atirados para o fundo do armário de vidrinhos

comias uvas no meio da página


a seguir era como se fosse noite

havia olhares que se cruzavam corpos

deambulações pela praia

era noite e alguém se aproximava


eu estava sentado passeando os dedos

pelas nódoas frescas do vinho sobre a mesa o caderno

onde de quando em quando rabiscava um rosto

e listas de nomes que não queria esquecer


paguei o vinho o pão e o queijo

levantei-me

tu cortaste-me a fuga vagarosamente preparada

pediste-me um cigarro


na outra página estávamos rindo

estendidos no pobre embarcadouro de madeira

planeávamos atravessar a noite mágica do rio


a página seguinte está em branco

mas lembro-me que te agarrei as mãos e disse:

todos os cigarros do mundo são para ti


Al Berto

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