quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vestígios



noutros tempos
quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas proibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavamos líquenes das imundas máscaras
hoje
nenhuma palavra pode ser escrita
nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras
ou se expande pelo corpo estendido
no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se
onde se pode - num vocabulário reduzido e
obcessivo - até que o relâmpago fulmine a língua
e nada mais se consiga ouvir
apesar de tudo
continuamos e repetir os gestos e a bebera serenidade da seiva - vamos pela febre
dos cedros acima - até que tocamos o místico
arbusto estelar
e o mistério da luz fustiga-nos os olhos
numa euforia torrencial
Al-Berto
Horto de Incêndio

4 comentários:

Anónimo disse...

Sento-me calmamente no colo da noite
Aceitando todos os momentos
Céptica nas horas, já gastas neste relógio...

Embalo a dor da chama que me emana
Amasso a mão da sabedoria
Rasgo a estrada fria que me persegue
E cego na rasteira de meu chão...

Estendo-te os braços doridos de anseio
Dou-te a vida que jorra de mim
Nesta luz que me atrasa o sono...

Apago a dor que me cega
A lógica da tua sombra sonâmbula
Nos vestígios das lágrimas
Que lavam paredes, das marcas de nós...

Entrego-me á noite que se fecha
Na fresta de mais um dia
E o meu acordar recomeça...

Gemendo rasgos, murmúrios de ti
Ferindo-me em cada minuto as mãos
Nos dedos que me seguram as letras...

Só o pulso da claridade me trava estes momentos
De mais uma tempestade de pensamentos
De palavras vadias...perdidas... bêbadas por aí...
Na tua procura...neste grito...neste vento
E perco-me em mim
Cavalgando no tempo...

(Paula Nunes)

Anónimo disse...

...dou corda ao tempo do relógio... para que avance na lembrança de um futuro passado... em que as palavras eram mar...

anjelik disse...

"Será que na vida não vive
Quem na vida ja viveu?
Ou será que terá vida
Qem neta vida sofreu
E eu que morri e que vivo
Dentro do mundo que passou
Nos versos que não morrerão
Após rasgar a vida
Irão lembrar quem chorou
E esta vida não viveu!"


ROGÉRIO DE CASTRO

anjélik disse...

Para os erros há perdão;
para os fracassos,
chance;
para os amores impossíveis,
tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixeS que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar. DesconfiA do destino e acredita em TI..........
GastA mais horas A realizaR DO que A sonhAR,
MAIS A viveR DO QUE A ESPERAR,
Porque embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu...............................

ADORO-TE (acho que ja te tinha dito hoje :) )