Quantas vezes fugi de quatro paredes?
Quantas vezes as difamei, e pouco cavalheiro,
as abandonei?
Quantas vezes as pintei de negro
com estrelas desenhadas,
de azul com nuvens no horizonte estampadas?
Quantas vezes nem as vi,
e as trespassei?
Hoje,
são a âncora da minha fragata,
e nelas quero habitar!
Nelas te quero ver nua e te fecundar!
São monstros, fadas
com conquistas e fanfarras
que outrora desafiei!
Mas não!
Não mais,
sem que antes
a gélida cor destas paredes
se me apresente como é,
fria, verde e sem maré,
não mais vida,
para além delas,
sem que antes,
teu robe deslize,
pela tinta crua
de quatro paredes …..
Nimbus
1 comentário:
"Passos silenciosos, direcionados, convictos...
Ao fundo, rosnados silenciosos, secretando profundos desejos...
Sabe o que quer.
Caminha lentamente ciente do seu objetivo. Poderá realizá-lo? Não sabe. Mas irá tentar...
Nunca irá parar.
Destemido e certo de suas mais obscuras vontades, prepara-se para a mais derradeira, a mais importante de suas lutas.
Uma fera solta em busca de sua caça...
A liberdade...
Consegue(s) senti-la???"
Deixou tudo... Libertou-se e partiu. Sem saber para onde, sem saber como, sem saber o que o esperaria...
Simplesmente partiu.
Nunca quisera ter o que tinha, nunca precisara de tanto. Viveu uma vida que não era a sua, uma série de histórias destinadas a encobrir uma verdade que lhe destruia a alma...
Por isso partiu...
Não disse nada a ninguém, não queria que pensassem que era doido.
Mas não estaria ele doido? Afinal, ele tinha tanto e decidiu ficar sem nada. Tinha um futuro(embora incerto) do qual abdicou para andar pelo mundo.
Como um selvagem...
E, mesmo assim, ele é muito mais do que alguma vez foi... Talvez porque durante toda a sua vida a sua verdadeira essência tenha sido abafada e por isso nunca se ter sentido uma verdadeira pessoa...
E ele nunca lhes pedira muito...
Quase nada, de facto. Foram poucas as vezes em que ele desejara algo. Não, não eram os bens materiais que o atraíam. A única coisa que queria foi a única coisa que lhe negaram...
E por isso partiu...
Precisava de se encontrar a si próprio... precisava de se sentir vivo...
E conseguiu-o...
(e um dia)morreu...
... mas morreu mais vivo do que todos nós...
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