domingo, 23 de janeiro de 2011

Poema entre quatro paredes



Quantas vezes fugi de quatro paredes?
Quantas vezes as difamei,
e pouco cavalheiro,
as abandonei?
Quantas vezes as pintei de negro
com estrelas desenhadas,
de azul com nuvens no horizonte estampadas?
Quantas vezes nem as vi,
e as trespassei?
Hoje,
são a âncora da minha fragata,
e nelas quero habitar!
Nelas te quero ver nua e te fecundar!
São monstros, fadas
com conquistas e fanfarras
que outrora desafiei!
Mas não!
Não mais,
sem que antes
a gélida cor destas paredes
se me apresente como é,
fria, verde e sem maré,
não mais vida,
para além delas,
sem que antes,
teu robe deslize,
pela tinta crua
de quatro paredes …..



Nimbus




1 comentário:

Anónimo disse...

"Passos silenciosos, direcionados, convictos...

Ao fundo, rosnados silenciosos, secretando profundos desejos...

Sabe o que quer.

Caminha lentamente ciente do seu objetivo. Poderá realizá-lo? Não sabe. Mas irá tentar...

Nunca irá parar.

Destemido e certo de suas mais obscuras vontades, prepara-se para a mais derradeira, a mais importante de suas lutas.

Uma fera solta em busca de sua caça...

A liberdade...

Consegue(s) senti-la???"


Deixou tudo... Libertou-se e partiu. Sem saber para onde, sem saber como, sem saber o que o esperaria...

Simplesmente partiu.

Nunca quisera ter o que tinha, nunca precisara de tanto. Viveu uma vida que não era a sua, uma série de histórias destinadas a encobrir uma verdade que lhe destruia a alma...


Por isso partiu...

Não disse nada a ninguém, não queria que pensassem que era doido.

Mas não estaria ele doido? Afinal, ele tinha tanto e decidiu ficar sem nada. Tinha um futuro(embora incerto) do qual abdicou para andar pelo mundo.

Como um selvagem...


E, mesmo assim, ele é muito mais do que alguma vez foi... Talvez porque durante toda a sua vida a sua verdadeira essência tenha sido abafada e por isso nunca se ter sentido uma verdadeira pessoa...


E ele nunca lhes pedira muito...

Quase nada, de facto. Foram poucas as vezes em que ele desejara algo. Não, não eram os bens materiais que o atraíam. A única coisa que queria foi a única coisa que lhe negaram...


E por isso partiu...

Precisava de se encontrar a si próprio... precisava de se sentir vivo...

E conseguiu-o...


(e um dia)morreu...


... mas morreu mais vivo do que todos nós...