tag:blogger.com,1999:blog-8140303868201223422.post7529423830123247367..comments2023-07-27T14:27:24.334+01:00Comments on Nimbus Lua: Tu tens um medoNimbushttp://www.blogger.com/profile/03584048431140601629noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8140303868201223422.post-7115747240993201792015-05-08T09:31:40.462+01:002015-05-08T09:31:40.462+01:00Preciso de uma noite ingénua e embaciada, com vist...Preciso de uma noite ingénua e embaciada, com vista para o mar. <br /><br />Uma noite que se vista de pijama e que suba todos os andaimes deste meu ser confuso.<br /><br />Não te enganes sobre as minhas lágrimas: vale mais que os que amamos partam quando ainda conseguimos chorá-los. <br /><br />Se ficasses, talvez a tua presença, ao sobrepor-se-lhe, enfraquecesse a imagem que importa conservar de ti. <br /><br />Um beijo com reticências é quase uma promessa...<br /><br />Chega a ser uma vontade de esclarecer que há linhas que ficam propositadamente em branco.<br /><br />Como quem mergulha nas palavras não salivadas...<br /><br />Como uma fuga, sem mapa no bolso...<br /><br />E depois da boémia lá vens tu, sacudir-me a multidão para dentro do peito, numa noite gigantesca que me atravessa a palidez.<br /><br />Sabes que é no teu vácuo que abro as mãos?<br /><br />Tenho a certeza de um balão de ar quente na minha memória a insuflar-me a vontade de me perder num relâmpago.<br /><br />Quero beber-te uma última noite, apenas com um trago. E regar-te os olhos para que a sede nunca te cegue, para que o amor nunca te expulse por mau comportamento.<br /><br />Vencer a miopia e salvar os murmúrios presos no céu da boca...<br /><br />Numa colina, num fragmento, num copo de água com gás, tu és sempre a outra margem.<br /><br />Incansavelmente fugidia...<br /><br />Vou acender um fogo absoluto nos ombros para depois ganhar asas e queimar distâncias.<br /><br />Quero a pureza do latido de um cão no patamar dos teus uivos.<br /><br />Canta à lua, pode ser que eu desça... <br /><br />Hoje engoli o nevoeiro da manhã e ceguei momentaneamente, com o teu tacto.<br />É verdade – não há cicatrizes aromáticas nem dores gratuitas. <br /><br />E se eu fosse buscar-te? E se nessa viagem perdesses os sentidos e não soubesse que te procuro em todos os bandos de pássaros nas tardes de trovoada?<br /><br />E se eu fosse buscar-te e não regressasse a mim? <br /><br />Diz-me. Há lugar nas tuas mãos para as minhas?<br /><br />Por que razão colocamos fasquias nas expectativas? <br /><br />Hoje pesa-me o sono. Sinto os nós dos dedos hirtos e não é do frio. E custa demasiado que o sono me pese na consciência mas nunca nas pálpebras.<br /><br /><br />Gosto de esfolar os joelhos porque muitas vezes o caminho mais seguro aniquila escolhas felizes...<br /><br />Acordei a pensar na minha capacidade de me reinventar...<br /><br />De ser feliz sem mais nem menos, só porque sim..<br /><br />De mover montanhas à procura de um arrepio na nuca..<br /><br />De nunca saciar a sede das borboletas na barriga e gostar disso...<br /><br />De perceber que tudo o que nos cai do céu irá parar ao chão, e mesmo assim esticar os braços para cima...<br /><br />De saber que há coisas gratuitas que nos saem caras e outras que não têm preço... <br /><br />De sentir que há sorrisos, afagos e palavras que não deram à costa. Que ficaram e que nos tatuaram as memórias num mergulho de esplendor.<br /><br />Ousámos ser. Aconteceste-me. <br /><br />Teria sido melhor só uma amizade – um passado apagado e sem mácula, sem pecado nem remorso, sem dor e sem esperança. <br /><br />Ausento-me na sombra da água e mergulho a sede na distância invisível que me separa do teu abraço. Sou abalroada por uma margem que não me deixa resvalar na tua carne.<br /><br />Trago nos bolsos os sonhos do dia anterior e faço escala nas horas felizes.<br />Sabe bem perceber que o amor não morre, apenas descansa numa sala de espera. <br />É bom reencontrar o teu sorriso numa sala de reanimação. E desejar mais bolsos, muitos bolsos.<br /><br /><br /><br />Éramos só nós dois no apeadeiro dos potenciais milagres. Eu a chegar e tu de saída. <br /><br />Ainda nos roçámos ao de leve...Anonymousnoreply@blogger.com