quarta-feira, 31 de dezembro de 2008



Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Assim eu sei...



Pelas cores da minha estrada,
Vou embora e chego lá.
Olho para ti
Ou não olho
Como sei
Ou não sei
Que tudo o que é ou não é
É a minha estrada
Ou não é nada.
Serei
O sitio onde me leva
E não sei se chego lá…,
Mas serei a minha estrada
Ou não serei nada.
Assim eu sei.


Lost In The Stars

domingo, 14 de dezembro de 2008

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?

Então só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

sábado, 13 de dezembro de 2008


"Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre."


"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe."

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

...quais ventos,
quais sóis,
quais luas ou estrelas,
se a minha paixão
dorme em teu ventre.....







Nimbus
...e meu lápis,
conduz-me a ti....



....numa louca
procura de linhas....





Nimbus

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"... teu nome, pronuncia teu nome
para que seja impossível esquecer-me do meu.
diz-me o teu nome de ontem,
quando éramos o reflexo exacto um do outro.
Toca-me o rosto com o teu nome,
ou pousa-o sobre as mãos;
debruça-te para dentro de mim
e deixa que o segredo do tempo fulmine os ossos."



Al Berto - O Medo

Entre o luar e o arvoredo



Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.